O ano do 20º aniversário do L'Arc~en~Ciel deve ter sido um ano de novas conquistas e descobertas. HYDE diz que a atividade da banda durante este ano o permitiu descobrir a alegria de cantar. É claramente visível que agora ele parece estar muito mais ativo e positivo sobre se expressar abertamente. Se a totalidade de seu potencial em se expressar como artista se tornou inteiramente visível e o próprio passou por uma revelação, isso seria extremamente interessante, mas ao mesmo tempo quase assustador. Essa entrevista aconteceu no dia 24 de maio, dois dias antes do “20th L’Anniversary WORLD TOUR 2012 THE FINAL” no Estádio Nacional. Nós queríamos capturar o que o próprio HYDE conquistou durante a World Tour e seus pensamentos sobre VAMPS estar voltando novamente - o HYDE do momento, o artista por trás do L'Arc~en~Ciel, do VAMPS e é claro, no âmago, o próprio HYDE como artista.
Anteriormente você nos disse "A turnê mundial é um sonho tão nosso quanto dos nossos staffs". O que exatamente você quer dizer com 'sonho'?
HYDE: Eu acho que depende de cada pessoa... Mas para mim, eu acho que o Japão ainda é um país muito fechado e conservador. Como se o povo japonês não tivesse muito interesse em outros países.
Eles não tem interesse?
HYDE: Eles saem do país nas férias, mas não é como se quisessem fazer algo ou alcançar algo lá. Comparado a outros países, eu acho que o Japão quer se manter para si mesmo. Porque era assim que funcionava até então. Mas em algum lugar lá no fundo, todos desejam o sucesso internacional dos japoneses. Eles querem que alguém faça shows no exterior. E se possível, eles próprios querem estar envolvidos nisso. É por isso que eu acho que essa turnê também foi o 'sonho' de cada um dos staffs. E também para as várias empresas envolvidas. Era como se nós estivéssemos carregando conosco as esperanças e os sonhos de muitas pessoas diferentes, então depois do show final, eu acho que todos se sentiram orgulhos de seus trabalhos. Até mesmo pessoas da platéia nos disseram o quanto se sentiram felizes por serem japonesas.
E quanto a você?
HYDE: Não importa o quão grande nós nos tornemos, bandas como Mr. Children e Southern All Stars sempre serão a principal corrente da indústria musical do Japão. E bandas como a nossa, que usam maquiagem e coisas assim, sempre serão tratadas como alternativas. Mas provavelmente é por esse motivo que o L'Arc~en~Ciel foi a única banda capaz de realizar essa turnê mundial, e a única que conseguiu realizar um show no Madison Square Garden. No começo eu realmente não tinha pensado sobre isso, mas depois eu me perguntei "quem mais poderia ser capaz, então?", e não consegui pensar em mais alguém. Pelo menos por enquanto. Fazer coisas assim aumenta o valor existencial do L'Arc~en~Ciel, e se vamos continuar com o L'Arc~en~Ciel precisamos ser uma banda cada vez mais estilosa e arrojada. Principalmente por ser uma banda alternativa.
O que você chama de 'valor existencial' significa que vocês se tornaram uma banda que é notada e possui valor não apenas dentro do Japão mas sim, mundialmente?
HYDE: Não, eu fundamentalmente me refiro ao nosso valor dentro do Japão. Ainda temos muito a percorrer no exterior, mas o jeito que os japoneses nos vêem está decidido agora. Eu acho que o futuro do L'Arc~en~Ciel pende em mudar essa visão fixa que eles possuem de nós.
Então foi quase como se a turnê mudial fosse uma maneira que aumentar o valor da banda dentro do Japão?
HYDE: Eu acho que pode-se dizer que sim. Mesmo que uma de nossas aspirações fosse mesmo fazer uma turnê mundial, o que você acabou de dizer também era um objetivo secundário. Isso tornou ainda mais importante que fizessemos essa turnê. No exterior nós não somos categorizados - é imparcial, e as pessoas não se referem sobre nós como "a banda da camiseta" ou "a banda da maquiagem". Nós queríamos o desafio de lutar em um país onde ninguém possui nenhum tipo de preconceito conosco. E eu acho que nós vencemos essa batalha. Em todos os lugares que nós fomos, nós fizemos shows incríveis - foi uma turnê que realmente conduziu ao futuro do L'Arc~en~Ciel.
Eu acho que se fosse para somente realizar suas aspirações, você não estaria pensando que 'ganhou'.
HYDE: Sim. Se nós fizéssemos algo que não fosse legal, isso seria dizer que nós perdemos a batalha. Seria terrível.
O que você quer dizer com 'algo que não fosse legal'?
HYDE: Basicamente, se um show não fosse divertido ou que não tivesse energia. Mas durante essa turnê, eu acho que em cada show que nós fizemos, nós conseguimos alcançar o coração de nossos fãs. Nós conseguíamos perceber isso pela expressão nos rostos deles.
Você estava confiante de que iria ganhar antes de começar a turnê?
HYDE: Nós sabíamos que tínhamos fãs em todos os lugares do mundo, então de uma certa maneira, sim. Mas nós não conseguíamos pesar direito a realidade disso tudo. Se nós estivéssemos tocando no Japão saberíamos adivinhar o tamanho do local, ou quantas pessoas iriam, mas no exterior, nós não tínhamos estatísticas.
É difícil imaginar qualquer coisa sobre o Madison Square Garden.
HYDE: Sobre o Madison Square Garden, meu primeiro pensamento foi "deve ser enorme". Nós obviamente sabíamos que era um local famoso, então eu acho que havia a alegria em ser capaz de tocar em um local tão prestigiado, e também um pouco de preocupação, tipo "será que vai dar certo?". Como um japonês, eu acho que os EUA são um oponente difícil.
O que você quer dizer?
HYDE: Países como a França são muito amigáveis. Os franceses ouvem músicas em inglês, como nós japoneses fazemos, então eles estão acostumados em ouvir músicas de muitos países diferentes. Em outras palavras, eles estão abertos para escutar música do exterior. A Coréia do Sul também é assim. Mas países que falam inglês praticamente somente ouvem música em inglês/americana. Para um artista japonês tocar em um local tão grande em um país assim, e tocar músicas em japonês, eu acho que é difícil e árduo. Então, para ser honesto, eu não tinha certeza se iríamos encher o local. Mas por causa disso, nós estávamos muito determinados em tocar no Madison Square. Mas basicamente seria um show do L'Arc~en~Ciel, então fomos lá normalmente, como a banda que somos. Mas sempre que éramos entrevistados pela mídia local, nós éramos referidos como 'os primeiros asiáticos' ou então perguntavam coisas tipo 'como você se sente em ser o primeiro japonês a pisar no palco do Madison Square Garden'. E afinal começamos a pensar 'nós estamos fazendo isso pelo país também'. Sabe, sempre lembrávamos da bandeira japonesa (risos).
Como os representantes do Japão (risos).
HYDE: Sim, exatamente assim. Até então nós estávamos pensando em fazer um show bem sucedido, mas logo nossos pensamentos mudaram, e nós estávamos determinados de que devíamos fazer eles pensarem "nossa, aquele show daquela banda japonesa foi incrível" - senão não conseguiríamos enfrentar o povo japonês quando voltássemos.
Você sentiu muita pressão?
HYDE: Só o tipo bom de pressão. Nós praticamos e ensaiamos bastante, o que normalmente não fazemos, e isso funcionou muito bem. Eu acho que uma das minhas maiores conquistas pessoais depois dessa turnê é que eu não me sinto mais apreensivo. Eu não me sinto apreensivo se eu tiver que abrir um show com uma música acapella, então minha voz está muito estável. Era quase como respirar no espaço. Eu senti o êxtase de todos que me assistiam enquanto eu cantava (risos). Eu sorria para mim mesmo - eu estava emocionado com o que eu via. Foi maravilhoso, eu estava muito feliz. Eu não mais me senti tipo "nossa, tem tantas pessoas, eu não posso errar!".
Isso é uma conquista enorme.
HYDE: Na verdade, eu ainda pensava "eu não posso errar!" (risos). Eu acho que depois do show no Madison Square Garden, eu me senti como se tivesse terminado uma prova. Não era como se eu estivesse apreensivo, mas quase como se eu estivesse participando de uma competição de patinação do gelo.
Falando sobre países que falam inglês, como foi Londres?
HYDE: Para mim, eu achei que Londres foi nosso maior oponente (risos). Mas como o local de Londres tinha o tamanho de uma casa de show, foi muito energético e todos estavam curtindo muito. Na Ásia, em Jacarta, foi muito interessante. Porque é um país com muitos mulçumamos, haviam muitos fãs que cobriam os rostos com lenços - foi uma cena que eu nunca havia experimentado antes. Nós já havíamos visto fãs de diferentes nacionalidades antes, mas essa foi a primeira vez que eu senti "agora nós estamos atravessando as barreiras da religião". Mas mesmo assim a relação entre nós e os fãs foi a mesma em todos os lugares que fomos. Nós podemos ter aparências diferentes, mas a expressão facial e os sorrisos de todos são os mesmos, assim como dos fãs japoneses. Todos pareciam estar felizes e contentes.
Isso deve ter te dado muita força.
HYDE: Eu acho que foi por isso que eu nunca me sentia cansado. Todos me dão energia e força.
O que você queria transmitir e expressar aos seus fãs, estando no palco de um país onde não somente o idioma é diferente, como também a cultura em que eles cresceram?
HYDE: Não é como se eu tivesse algum pensamento em particular que eu gostaria de expressar. Mas eu me senti impressionado quando percebi que naquele momento todos estavam atravessando todas fronteiras e cantando a mesma canção. Obviamente, há uma parte de mim que deseja um mundo sem conflitos, e isso é algo que toma boa parte dos meus pensamentos e ideais, mas essa não foi a razão pela qual nós escolhemos todos esses país para tocar. Mas cada vez que nós tocávamos, nós percebíamos que é por causa dos fãs que nós somos capazes de fazer essas coisas incríveis. Nem todos tem a oportunidade de experimentar momentos tão felizes.
E sem tempo a perder, o VAMPS está de volta.
HYDE: Eu sei. Eu com certeza pretendia fazer algo com o VAMPS este ano, talvez durante o verão. Mas eu não estava esperando que fosse tão cedo!
Sim, eu pensei isso também (risos).
HYDE: Uma das razões foi porque o ZEPP SENDAI iria fechar, e eles nos pediram para que tocássemos lá. Para ser honesto, eu achei cedo demais, mas nós devemos muito ao local, e nós não havíamos tocado no nordeste do Japão desde o terremoto. Eu sempre quis tocar lá, e estou feliz que podemos.
Como não há muito tempo, como você pretende a fazer a troca do L'Arc~en~Ciel para o VAMPS dentro de você?
HYDE: Eu acho que vai acontecer o que tiver que acontecer, é sempre assim. Eu não tenho uma distinção clara entre os dois. Eu só sigo o fluxo.
Quer dizer que o HYDE do L'Arc~en~Ciel é o mesmo HYDE do VAMPS?
HYDE: Com certeza. Apesar de que o jeito que eu faço as coisas é diferente. É tipo ir ao trabalho e então chegar em casa para o seu passatempo. Não há uma troca clara. Eu não acho que 'trabalhar' não seja algo legal - na verdade, eu acho que o momento que a pessoa mais brilha é durante o trabalho - e não é como se eu estivesse sendo mais eu quando estou 'brincando'. Eu não consigo separar o que do L'Arc~en~Ciel e do VAMPS é 'trabalhar' e 'brincar'. Eu acho que o VAMPS parece ter mais de 'brincar' porque nós estamos mais livres para fazer as coisas. Eu só quero fazer coisas legais despreocupadamente.
Você possui algum objetivo em particular?
HYDE: Não é exatamente um objetivo, mas talvez vencer o L'Arc (risos)?
Vencer de que maneira?
HYDE: Talvez o tamanho da audiência (risos)? Eu sei que é difícil, mas porque não pensar alto? Eu acho que o VAMPS é uma banda de rock inovadora e com um estilo totalmente livre.
Eu também senti isso hoje, mas recentemente parece que você está se expressando como 'HYDE, o artista' tanto para o L'Arc~en~Ciel quanto para o VAMPS.
HYDE: Talvez. Porque ultimamente eu consigo fazer as coisas que eu quero como parte do L'Arc~en~Ciel, eu me sinto mais estável. Especialmente desta vez em que fizemos tantos shows - eu faço a maior parte dos planejamentos para os shows, então pareceu similar com o que eu faço com o VAMPS. Eu não sinto mais que são coisas separadas - há uma cerca justaposição dentro de mim. Apesar de o VAMPS ser um pouco mais próximo de mim. Mas antigamente eu sentia como se fossem entidades completamente diferentes.
Você está gostando de se expressar em tudo o que faz?
HYDE: Sim, é isso. Eu acho que eu tive uma importante descoberta com o L'Arc~en~Ciel. Eu costumava focar bastante em como tudo tinha que ter 4 partes iguais – e que eu não deveria destacar-me tanto. Mas isso não era legal, e eu falei para mim mesmo que eu deveria dar o máximo de mim. Desde então eu acho que meu estilo vocal mudou também. Às vezes eu acabo mesmo me destacando muito, isso é inevitável. Se isso torna a banda melhor, mais legal, ou mais atrativa, cada um de nós deve dar o máximo de si - não há motivos para nos restringir. Nesse sentido, eu acho que o L'Arc~en~Ciel passou por muitas mudanças neste 20º aniversário. Eu acho que agora estamos mais arrojados/atrativos do que nunca.
Por fim, o que você vê para o futuro do 'HYDE, o artista'?
HYDE: Eu acho que é como eu consigo me expressar dentro da circunstância dada. Por exemplo, nós realizamos uma turnê mundial porque haviam fãs no mundo todo. Essa é uma das qualidades do L'Arc~en~Ciel. Eu acho que eu vou continuar a expressar minha própria 'arte' individualmente, enquanto julgo com firmeza e coragem o que eu consigo alcançar no meu próprio ambiente dentro das circustâncias dadas.
QUESTÕES para o HYDE
Nós pedimos aos nossos seguidores do Twitter mandarem questões para o HYDE, e recebemos muitas respostas. Nós cuidadosamente selecionamos 5 perguntas e pedimos para que o HYDE respondesse!
1. Diga-nos um segredo seu.
HYDE: Eu sei que já a toquei muitas vezes, mas eu ainda não tenho certeza em que parte devo entrar no início de 'READY STEADY GO' (todos dão risadas). Há tantas coisas que eu fico preocupado sobre quando eu devo começar a cantar (risos). Eu sempre penso "huh? quando?".
2. O que fez seu coração palpitar recentemente?
HYDE: (para o assessor) Você consegue pensar em algo?
Você está perguntando para outra pessoa o que fez o SEU coração palpitar?
HYDE: Eu esqueço essas coisas rapidamente. Você consegue pensar em algo que me deixou feliz?
Assessor: A montanha-russa?
HYDE: Ah sim, aquilo me deixou um pouco feliz (risos). Aconteceu um projeto junto com a Universal Studio Japan, onde você podia andar na montanha-russa "Hollywood Dream The Ride" enquanto ouvia 'CHASE'. Combinou perfeitamente, e eu pensei 'INCRÍVEL!'.
3. Como você supera momentos difíceis?
HYDE: Com álcool, eu acho? Eu bebo, me sinto feliz e então durmo, é o melhor. Eu acho que tempo é importante. Se você consegue deixar o tempo passar, as coisas se resolvem sozinhas. Se você ficar acordado e pensar sobre aquilo, você só vai ser engolido pelos seus problemas. Se você parar de pensar e dormir, quase 8 horas vão ter passado quando você acordar.
Então você acha que é importante que passem as 8 horas?
HYDE: Exatamente. Também é bom assistir a um filme ou algo assim. Quando o tempo passa, você consegue olhar novamente com calma e provavelmente irá encontrar uma solução.
4. Algo que você gostaria de fazer antes de morrer?
HYDE: Eu quero ver as maravilhas do mundo - como a aurora ou as pirâmides. Aliás, eu perdi o eclipse solar anular (risos).
5. O que você faz para se acalmar?
HYDE: Eu respiro fundo. E tento não pensar nas pessoas como pessoas. Eu imagino que elas são pedras.
Você realmente consegue fazer isso?
HYDE: Não exatamente (risos). Ok, então talvez não pedras, mas se você pensar que são todas crianças, isso te faz menos apreensivo. Eu acho que você fica apreensivo quando acha que há alguém acima de você te observando. Mas eu acho que a coisa mais importante é estar em boa forma. Você fica apreensivo porque está preocupado ou ansioso.
Isso pode ser difícil... É difícil saber o que quer dizer estar em 'boa forma'.
HYDE: É verdade. Para nós, nós frequentemente estamos em situações assim, então ficamos acostumados, mas para pessoas normais, isso não acontece tanto. Nesse caso, pense que eles são pedras! (risos)
Tradução Japonês-Inglês: L'Arc~en~Ciel English Street Team; Revisão Português: Gaby.
Parabéns pela tradução o/ :D Gostei muito.
ResponderExcluirmuito bom!
ResponderExcluirEle é muito inteligente e simpático. Adorei a entrevista, obrigada por postá-la. (:
ResponderExcluirEle se expressa muito bem, e te uma visão completa de tudo,muito admirável <333
ResponderExcluirSó falta um show aqui Brasil pra dizer que foi uma turnê mundial (risos).
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