domingo, 6 de março de 2011

Entrevista com HYDE - Monthly VAMPS 14

Entrevista completa do HYDE, publicada na edição nº14 da Monthly VAMPS, em fevereiro de 2011.


Agradecimentos à Akane, do forum Hydeist France, pela tradução em francês e por ter permitido que traduzissemos para o português e postassemos aqui.




As atividades do VAMPS chegaram ao fim. Desde então, passou-se um certo tempo. O que você sente agora sobre o VAMPS?

H: Como a banda teve uma atividade muito intensa, eu acredito que conseguimos fazer tudo o que queríamos fazer. Como estávamos sempre muito ocupados, às vezes nem mesmo o staff conseguia acompanhar. Não basta apenas querer fazer algo, é necessário ter os meios. Mas eu acho que poderíamos ter incluído mais algumas coisas no nosso programa. Mas como fomos em tournée para bem longe, certas coisas também eram difíceis para acompanhar. Eu acho que o VAMPS é uma boa banda, mas é bom para nós fazer uma pausa. Mais tarde, nos reuniremos com o staff e recomeçaremos a trabalhar. Por essa razão, este talvez seja o momento certo.



Ao deixar passar um certo tempo, este será um bom período para você dar um passo pra trás e analisar os pontos onde ainda existam problemas.

H: Fazendo isso, nós encontramos certos pontos com problemas, mas era normal, porque avançávamos com muita energia. Mas ultimamente eu tenho visto muitos videos e digo a mim mesmo "nós somos legais", "somos um bom grupo". Eu tenho alguns arrependimentos, mas para o futuro, eu gostaria que nós pudéssemos voar ainda mais alto. Por enquanto, eu gostaria de consolidar as bases.



VAMPS começou com a ideia de que seria uma banda permanente. Agora, é como o fim da primeira etapa. Durante esses 3 anos, o planejamento foi muito agitado, você se sente aliviado por ter chegado ao fim?

H: Mmh, eu diria sim e não. Há coisas boas e coisas ruins. Então eu não levanto os braços gritando "youpi!". Sinto muito por não dizer algo mais positivo (risos). Eu me dou conta que não sinto o mesmo que os outros. Mas o VAMPS se difundiu pelo mundo ainda mais do que eu havia imaginado, houve vários shows que me surpreenderam apesar de ter vinte anos que eu toco em uma banda, há muitas coisas das quais eu possa me gabar. A relação com os fãs também se tornou mais interessante. Há muitas coisas que eu jamais teria imaginado, mas também houve inconvenientes, então é mais ou menos (risos).



Até onde o VAMPS que você imaginou na época de sua criação tornou-se realidade?

H: Eu me pergunto quais eram os nossos objetivos?



Quando relemos a Monthly VAMPS, na época de criação da banda, você disse "Eu gostaria que as músicas do VAMPS sejam tocadas no mundo", "Eu quero ir aos Estados Unidos", "Eu gostaria de fazer música que possa ser tocada nos Estados Unidos". E também "Eu gostaria de fazer qualquer coisa contanto que eu já não tenha feito."

H: Estou vendo! Que a música de VAMPS toque no mundo todo, é um pouco demais, mas acredito que a tournée mundial tenha ido bem. Não era fácil, não era como apenas mudar de região. Nós nos saímos bem. Mas com relação os Estados Unidos, ainda vamos ter que lutar. No início, eu queria que nós arrebentássemos nos Estados Unidos, mas não foi exatamente assim. Se eu olho de forma geral, as coisas foram bem, mas os Estados Unidos é realmente difícil. Depois, no que diz respeito às possibilidades da banda, nós focamos muito mais no espetáculo do que eu imaginava . No inicio eu pensava "Vai ser bom se nós tocarmos hard rock nos live houses", mas com o tempo tomamos consciência do lado espetáculo da coisa.



Entretanto, desde o início vocês fizeram séries de shows, vocês decoravam toda a sala. Eu achava que vocês se preocupavam com o espetáculo desde o início.

H: Era mais dessa forma quando fizemos o primeiro álbum. Eu não saberia dizer qual foi o momento exato, mas quando procuramos uma direção para o VAMPS, tornou-se o espetáculo. Eu pensava que qualquer um podia fazer algo underground. Então tocamos em arenas, ao ar livre também, e depois o conteúdo dos shows mudou de acordo com isso. Eu pensava que isso era legal e que isso correspondia bem ao VAMPS. Qualquer um pode fazer isso, mas fazê-lo bem, é outra coisa. Como o VAMPS tem de fato uma atmosfera rock, isso pode tomar qualquer forma. Quando compreendi isso, eu comecei a pensar que era esta, a identidade de VAMPS. Acho que isso foi quando fizemos o primeiro álbum. Antes disso, eu não sabia o que era o VAMPS, e eu tentava criá-lo por mim mesmo, mas pouco a pouco, através dos shows, eu comecei a pensar "talvez seja isso, VAMPS", "se tomarmos essa direção, seremos como um grupo banal", "como somos o VAMPS, podemos criar um cenário mais rock".



Com a criação do primeiro álbum, "VAMPS", você pôde expressar esta direção da qual você tinha tomado consciência?


H: Sim. E também os fãs deram tudo de si.



É verdade. O que você pensa dos fãs do VAMPS?

H: Minha estratégia, desde que comecei a carreira solo, era de não me aproveitar do L'Arc~en~Ciel. Quando começamos com o VAMPS, eu deixei isso claro intencionalmente. Para os fãs de L'Arc~en~Ciel, os shows não eram talvez os mais bonitos de se ver. Todos ficam de pé, eu grito, eu não brilho por todos os lados (risos). Mas eu achei que era certo fazer isso de propósito, com o VAMPS.



Mas como resultado, você criou essa relação especial com eles, aconteceu de forma natural.

H: Sim. Mas foi uma mudança inesperada bastante interessante. Eu não esperava essa situação. Eu pensava que pessoas mais animadas chegariam e que o pessoal se divertiria mais, mas isso transformou-se nessa situação divertida e não muito habitual (risos). Todos compreenderam o que era o VAMPS, então as mulheres tendem a aparecer mais sexy, os fãs tornam-se o show o si, eles aproveitam ao máximo. É divertido de ver. Mesmo quando nós tocamos.



É uma relação bem especial. Eu gostaria de falar sobre algo mais concreto. Qual foi o melhor momento para você? Qual é o instante que te marcou?

H: Mmh, é difícil. É difícil escolher um, mas eu acho que o Chile seria um deles. Eu acho que é um show que não teria sido possível sem o esforço de todo mundo e do staff. Pra ser franco, no Japão já estamos instalados, não há nada que não possamos fazer. Mas no Chile, foi necessário preparar tudo cuidadosamente e dando o nosso máximo. Talvez os fãs japoneses façam cara feia ao ler isso, mas tudo bem, porque os fãs japoneses apoiaram que nós fossemos lá. É por isso que tenho a impressão de que o Chile é uma boa compilação de tudo: graças aos esforços de todos, nós tivemos um bom resultado no Chile. Este show, foi um pouco como um milagre.



É um show que refletia de forma concreta o espírito do VAMPS que quer que você faça coisas que ninguém mais havia feito.


H: É verdade.



Há outras coisas?

H: Depois, pudemos fazer shows com muitos rapazes que vieram nos ver, isso dava uma impressão de novidade. Eu pensava "Bem então, também há fãs homens!" (risos). Eu ficava contente. Eu já tinha feito vários shows diferentes, mas não dessa forma, e eu achei isso divertido ao fazê-lo.



Entendo. Agora, mudemos de assunto e vamos falar de pessoas. Há três anos, você formou a banda com o K.A.Z, com quem você viajou o mundo. O que você pensa dele hoje em dia?


H: Hm, sim...O que eu posso pensar dele...eu acho que esses três anos devem ter sido um choque pra ele. Então eu me pergunto se foi assim pra ele? (risos). Eu não sei muito bem, mas eu acho que foi.



E você, foi assim pra você? É porque o K.A.Z estava lá que você pôde ir até o fim.

H: Sim. Se ele não estivesse lá, não existiria VAMPS. No início nós fazíamos as coisas em dupla sem organização, mas pouco a pouco, o trabalho foi se dividindo: "Até ali, é com ele, e depois, é tarefa minha." Com relação aos shows, eu confio nele completamente. Então se ele não estivesse ali, os shows dariam medo! Cada um de nós tem a sua parte. Então, como posso dizer? É como se nós tivéssemos dois corações.



Isso foi útil na criação de sons, mas também de canções. É como se vocês fossem cada um a roda de um veículo.

H: É verdade. Se tivéssemos apenas uma roda, ainda estaríamos fazendo a tournée do primeiro álbum (risos).



Isso não acontece por causa da personalidade do K.A.Z? No meio desse planejamento pesado, a personalidade adorável do K.A.Z não é como um calmante?

H: Hm...Tornou-se normal pra mim (risos). Eu acho isso normal, mas outras pessoas achariam isso encantador. Quando eu olho o Twitter, eu leio que é fofo quando o K.A.Z arruma seus sapos de brinquedo. Mas para mim, é apenas o que ele faz o tempo todo (risos) .



Entendo. E sobre os outros membros? Agora, está bem claro que você formou o VAMPS como 5 pessoas no palco. Entretanto, no início você havia escolhido os membros na precipitação, não era uma escolha que previa a unidade que caracteriza vocês atualmente.


H: É verdade. Basicamente, eu não queria fazer do VAMPS uma banda, então a partir desse ponto de vista, formamos o grupo em dupla. Mas com os shows em série, era necessário procurar toda hora novos músicos e ensiná-los tudo desde o início, era muito trabalhoso, e pra falar a verdade, é chato (risos). Então, eles se implantaram. Mas eu também acho que é porque são esses membros em particular, que eles puderam se implantar. É curioso, mas eles participam da criação da atmosfera da banda. Poderíamos dizer que eles cuidam do grupo. Ju-ken, ele é barulhento, mas quando ele não está presente, é calmo demais (risos). "Está calmo hoje...ah, Ju-Ken não está aqui!", eu costumo dizer durante uma conversa (risos).



Você está dizendo que é como se sentisse falta?

H: Sim, com certeza. Mas às vezes é bom estar em um ambiente calmo (risos).



E com relação à Arimatsu?

H: Ele influencia o humor de todos. Ele é um pouco como o óleo que faz as coisas deslizarem entre nós. Acontece de eu nem sempre ser simpático com todo mundo, mas quando ele está lá, tudo ocorre bem. Tudo é tranquilo. Então todos os membros se sentem seguros quando ele está ao nosso lado.



E Jin?

H: Jin, ele é como a vizinha (risos). É como o começo de uma reunião de comadres (risos). Todo mundo presta atenção na sua história, e isso acaba se tornando mais animado do que o habitual. Quando ele está presente as histórias não tem fim.



Sobre Ju-Ken, Arimatsu e Jin, é raro ver os fãs se ligarem tanto em pessoas que são apenas membros de apoio.

H: Sim. Mais do que se afastar de quem está à frente, cada um revela a sua personalidade, e pra mim isso é uma banda de rock. É o estilo do VAMPS, isso é legal. Acredito que venha disto. Acredito que seja fácil mostrar a personalidade de cada um. Se eu dissesse "Eu quero ficar na frente, então contenham-se", eles mudariam suas roupas ou maneiras de se mover. Mas como não é esse o caso, a personalidade de cada um se revela pouco a pouco.



Sim. Vamos mudar de assunto novamente. Come esta entrevista estará na edição dedicada ao Halloween live, eu gostaria que vocês falasse desse evento durante os 3 últimos anos. Ele tornou-se cada vez maior, e em 2010, foi o ápice do espetáculo.

H: Sim. Yasu-kun me diz sempre "É porque sua causa que isso pode tomar forma." Eu digo a ele para não se deixar levar por isso, enquanto penso num canto da minha cabeça que ele talvez tenha razão em parte. Há este lado para aqueles que apreciam o horror, o lado rock, e penso que há poucos que podem misturar o horror e o espetáculo desta forma. Tudo vai bem, então torna-se cada vez maior. É um pouco estranho. Porque bem, a princípio, com o Yasu e o DAIGO, nós íamos apenas beber juntos (risos). Na época, DAIGO não estava na TV nem nada. Eu não acho que todos teriam tanta energia. É porque eles tiveram esta força que pudemos fazer o evento crescer.



Mas se você e o VAMPS não tivessem feito, isto não existiria. Este é um evento que reflete uma parte do espetáculo que VAMPS procurava.

H: Não, não. É porque não temos vergonha (risos). É como fazer uma festa em local aberto.



Mas o público se diverte de verdade. Tanto no que diz respeito às roupas do público quanto às utilizadas no show.

H: Tornou-se um evento divertido. É como uma versão descontraída de um evento de animes (risos). Em um evento de animes, as pessoas vão se gostam de animes, e se fantasiar, mesmo que queiram, às vezes não o fazem porque tem vergonha, não? Mas se é um evento rock, torna-se muito mais fácil para muitas pessoas. Eu acho que todo mundo pôde aproveitar desta atmosfera.



Você tem a intenção de continuar este evento na época do Halloween?

H: Sim, se o tempo me permitir.



Eu vou te fazer algumas perguntas sobre o futuro do VAMPS. Depois desses 3 anos, mais pra frente, como você quer conduzir o VAMPS, para você, o que a formação deveria tornar-se?

H: Pra mim, deveríamos proceder de maneira mais intelectual. Mesmo no que diz respeito às musicas, nós deveríamos calculá-las de maneira mais bem pensada. Não fazer mais como temos feito até agora, onde inicialmente lançávamos muitas músicas rock, depois músicas pop, mas fazer transparecer diferentes aspectos dentro de uma mesma música. Eu gostaria muito de criar de forma a alcançar os charts. Sem isso, não é mais espetáculo, então eu não posso deixar isso de lado. É fácil nos ignorar, mas se nós mesmos ignorarmos esse ponto, então nos tornaremos uma banda desse tipo. Fazendo músicas que possam alcançar os outros, eu não quero apenas lançar uma bola com efeito, eu gostaria de lançá-la pra fora do campo. No que diz respeito os Estados Unidos, eu gostaria de corrigir os erros e ir lá de maneira mais agressiva. Mas com certeza, são os fãs japoneses que vem primeiro. Eu acho que há diversas maneiras de cuidar deles. Não é dizendo "eu te amo" a cada final de música que nós somos capazes de tomar conta do outro. Então com certeza, os fãs japoneses são preciosos, mas também visarei corretamente os Estados Unidos. E como resultado, eu acho que isso terá repercussões nos fãs japoneses.



Você acredita que haverá com certeza um feedback.

H: Sim, sim.



Pra terminar, eu gostaria de pedir uma mensagem para os fãs com relação ao "até agora" e "no futuro".

H: Hmm, dizemos sempre "longe dos olhos, perto do coração". Eu penso assim. Guardem-nos perto do coração. Agora, vocês devem todos estar um pouco intoxicados, então haverá talvez uma sensação de falta. Mas será para explodirmos melhor quando nos reencontrarmos. Continuaremos cada um de nós fazendo suas coisas e tomando conta daquilo que é importante, eu quero me virar na direção daquilo que nos espera. Até lá, "lavem seus pescoços e nos esperem!"



Certamente, essa deveria ser a frase final!


H: Sim (risos).

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